sexta-feira, 15 de março de 2013



“Castro Alves ainda vive através da sua obra”
Odiosvaldo Vigas presta homenagens ao poeta em sessão regimental

Música, versos, poesia, dança e muita emoção. Como em todos os anos, o vereador Odiosvaldo Vigas (PDT) reúne a sociedade, vereadores e admiradores de Castro Alves e presta um tributo especial ao “poeta dos escravos”. A sessão regimental realizada na tarde de quinta-feira (14), no Plenário Cosme de Farias, em homenagem ao aniversário de Castro Alves foi marcada pelo sentimento de agradecimento e admiração pelo trabalho do poeta.

Antes da sessão, às 14 horas, flores foram depositadas junto ao monumento ao poeta, na Praça Castro Alves.

“Quanto é rica a obra de Castro Alves, o abolicionista. Mesmo com 125 anos da abolição, percebemos a atualidade da sua obra com a herança que guardamos ainda hoje com a nova configuração da sociedade”, disse Odiosvaldo. Em meio às diversas homenagens, o vereador não deixou de destacar o centenário de Luiz Gonzaga, o nascimento de Glauber Rocha, as obras de Vinícius de Moraes e Jorge Amado, além de exaltar outro poeta, Abdias Nascimento.

O jornalista Agnaldo Joaquim Santana, já falecido, foi homenageado com uma salva de palmas a pedido de Nilton Nascimento, presidente do Negros em Movimento, que destacou seu trabalho no fortalecimento do movimento negro.

Brilho intenso

Para o vereador Silvio Humberto (PSB), presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer da Câmara, “Castro Alves passou na terra como um cometa, mas foi de um brilho tão intenso que continua brilhando até os dias de hoje”. O plenário serviu de palco para diversas manifestações artísticas como a do grupo de dança Gostar de Arte; dos alunos da Escola Estadual Castro Alves; exibição de vídeos e declamação de vários poetas e artistas.

Além dos vereadores Odiosvaldo Vigas e Silvio Humberto, fizeram parte da mesa o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro; o professor Elísio Brasileiro; Leandro Batista, representando a Companhia de Polícia Militar de Proteção ao Meio Ambiente, e Tânia Cerqueira, diretora da Escola Estadual Castro Alves. Os vereadores Everaldo Augusto (PCdoB) e Orlando Palhinha (PP) também prestigiaram a sessão.

Extensa programação

Além da sessão regimental pelo Dia da Poesia, em homenagem a Castro Alves, foi aberta às 18h uma exposição coletiva, no Centro Cultural, pelo 166º aniversário de nascimento do poeta. Participam da mostra os artistas Denise Pitágoras, Olalla Otero, Miriam Belo, Mirian Rylands, Elizabete Actis e alunos da professora e curadora Graça Ramos, da Escola de Belas Artes da Ufba.

Fez parte da programação, também, a exibição do documentário “A noiva”, que conta a história de uma paixão por Castro Alves, realizado pela TVE, e um recital de poesia pelo grupo Mãos que Falam, com Sandra Stabile. Durante toda a programação alunos da Escola de Belas Artes pintaram um painel sobre o tema.


PRONUNCIAMENTO FEITO PELO VEREADOR ODIOSVALDO VIGAS NO DIA 14 DE MARÇO DE 2013, NO PLENÁRIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR

CASTRO ALVES, 166 ANOS, ABOLICIONISTA, ATUALIDADE DO POETA NOS 125 ANOS  DA ABOLICÃO.

A escravidão e o racismo são uma realidade bastante cruel que macula a trajetória histórica do país desde os séculos passados até o presente com a herança que guardamos e hoje com nova configuração na sociedade brasileira.

É necessário compreender, em toda sua plenitude, o fato histórico da abolição, entendendo que os negros foram contra a escravidão, construindo a sua própria historia.

Sabe-se que a abolição aconteceu diante de um amplo espectro de alianças e fatores diversos, inclusive econômicos e internacionais (Inglaterra) que vêm desde a participação dos negros fugidos, quilombos, senzalas e grupos abolicionistas.

Em pleno Sec XXI faz-se a seguinte pergunta acompanhada da devida reflexão: Onde estão situados os negros na sociedade brasileira e como está incrustado o racismo nessa mesma sociedade? A obra do Poeta Castro Alves responde plenamente a essas indagações e percebemos a atualidade do Poeta nos 125 anos da abolição que precisa acabar por completo a escravidão e o racismo. Avançamos? Sim, quando o Estado por pressão da sociedade civil organizada consegue determinar a política de cotas para as vagas nas Universidades para Negros e Afro-descendentes, no dia 20 de dezembro de 1985, uma lei federal estabelecia como crime o tratamento discriminatório no mercado de trabalho, entre outros ambientes, por motivo de raça/cor, a chamada “Lei Caó” (Lei nº 7437/85) classifica o racismo e o impedimento de acesso a serviços diversos por motivo de raça, cor, sexo, ou estado civil como crime inafiançável, punível com prisão de até cinco anos. Porém os negros na sua quase totalidade, ainda hoje, encontram-se nas favelas e nas piores condições de trabalho e muitas das vezes numa relação trabalhista de precarização. O que nos falta em verdade é uma classe media forte composta por negros e afro descendentes com grande poder aquisitivo para ter influencia nas decisões e na construção de um poder político e econômico,  participando efetivamente do mesmo.

Nos 125 anos depois da abolição, as conquistas e lutas do povo negro não terminaram a escravidão e o racismo, que hoje têm novos aspectos, não sendo extirpados do seio da sociedade brasileira, a perversa herança da escravidão, na falta de políticas de Estado voltadas para a educação, em todos os níveis, como fator primordial de buscar a igualdade social, política de educação e também as reformas de bases, que devem ser feitas para concluir o fato histórico da abolição.

A Obra do Poeta Castro Alves esta viva e atual diante da realidade vivida pelo povo negro brasileiro, mesmo com o nível de consciência da nossa realidade Racial e Social alcançado.

Castro Alves vive.


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