A funcionária pública Laila de Jesus Lima, 26 anos, é uma baiana às avessas. Embora goste bastante da culinária regional, ela não pode sequer chegar perto dos tradicionais abará e vatapá por conta de uma forte alergia a um dos principais ingredientes das iguarias, o camarão seco. Aos 13 anos, ela ficou internada durante 15 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até descobrir que o ataque violento de asma era, na verdade, consequência da sua intolerância a camarão e crustáceos em geral.
“Quando estava na UTI, fiz inúmeros exames, mas nada justificava o meu estado de saúde, até o médico constatar que se tratava de uma simples alergia a crustáceos”, lembra. Após o primeiro ataque e a constatação da alergia, Laila passou a fazer o tratamento com o uso de corticóides, mas a situação, no caso dela, é irreversível. “Não adianta. Eu tentei comer alguns anos depois, mas basta uma ou duas garfadas para eu começar a sentir as mudanças, o meu corpo, rosto empolado e a coceira no corpo”, conta, lembrando de outro ataque que gerou uma nova estadia na UTI de um hospital há três anos. “É uma tortura, principalmente na época da semana santa, onde todos se lambuzam com comida baiana e eu tenho que ficar na moqueca básica de peixe”, lamenta.
De acordo com a pediatra e especialista em alergia e imunologia Ila Sobral Muniz, as alergias mais comuns são as respiratórias, como a rinite e a asma, e as alimentares, que têm o leite de vaca como um dos itens em que mais são recorrentes os casos de intolerância em crianças, seguida de frutos do mar e ovo. “Geralmente quem possui alergias respiratórias apresentam crises recorrentes de coceira no nariz, espirros e tosse. Já no caso das alergias alimentares, os sintomas mais comuns são a diarreia e o vômito, além de algum tipo de urticária”, explica. Ainda segundo ela, em situações excepcionais podem aparecer consequências mais graves como insuficiência respiratória causada pela asma e o choque anafilático.
Geralmente, as alergias são diagnosticadas depois do aparecimento dos sintomas. Segundo a especialista se trata de uma reação controlável através de medicamentos e com a não exposição aos fatores de risco. “A alergia é uma reação imunológica exagerada do corpo que produz anticorpos contra substâncias consideradas agressoras pelo organismo, causando o processo inflamatório intenso”, continuou. De acordo com a médica, o tratamento pode aumentar a tolerância do organismo a aceitar estas substâncias, principalmente quando o paciente fica muito tempo longe dos fatores causadores da alergia. “É o que a gente chama de adormecimento da reação alérgica”, explica. No entanto, não há garantias de que este status permaneça ao longo dos anos.
Fonte: Jornal Tribuna da Bahia
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