segunda-feira, 2 de setembro de 2013


Mulheres recebem o prêmio Pérola Negra em sessão na AL

O que a atriz global Neuza Borges, a prefeita de Governador Mangabeira Domingas Souza, a bispa evangélica Valdirene Francisca, a ialorixá Mãe Carmem e a capitã da Polícia Militar Bruna Gracielle têm em comum? Em poucas palavras: são guerreiras que venceram e atualmente são exemplos para as mulheres negras que ainda lutam contra o preconceito de raça e gênero para ocupar os seus espaços na sociedade brasileira.   
  Todas elas participaram da sessão especial “Mulher Negra e Caribenha” realizada, na manhã de ontem, no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia. No evento, promovido pelo deputado Bira Corôa (PT), as mulheres negras baianas que se destacaram na sua área de atuação ou na defesa da promoção da igualdade foram agraciadas com o Troféu Pérola Negra Benedita da Silva – uma placa honorífica que leva o nome da atual deputada federal e ex-governadora do Rio de Janeiro.  
 Por estar no Congresso Nacional, Benedita da Silva (PT/RJ) não pôde participar da sessão especial de ontem, mas ela foi representada pelo marido, o ator Antonio Pitanga. “Este troféu é um reconhecimento simbólico à primeira mulher negra a ser vereadora do Rio, a primeira  a sentar numa cadeira no Senado, a assumir o governo  de um estado, ministra do governo Lula. E, mais do que tudo isso, uma mulher que, mesmo sendo alfabetizada muito tarde, descobriu muito cedo que é possível acreditar nos sonhos, lutar por eles e realizá-los”, explicou Bira, que na Assembleia Legislativa preside a Comissão de Promoção da Igualdade.
 Um dos discursos mais aplaudidos na sessão de ontem foi da prefeita Domingas Souza, que, a exemplo da própria Benedita da Silva, foi empregada doméstica. Ela que, quando muito jovem trabalhou “por um quarto e comida” e foi empregada doméstica por 18 anos, conseguiu depois de muita luta entrar na vida pública, sendo vereadora por quatro mandatos e depois prefeita de Governador Mangabeira, município do Recôncavo da Bahia. E nada poderia ser mais simbólico neste último desafio: derrotou nas eleições para prefeitura o filho da ex-patroa. 

                                                                 DISCURSOS

 “Queria saber onde está a mulher negra na TV? Em Brasília? No Congresso Nacional? Mas na penitenciária as mulheres e homens negros são maioria”, observou Domingas Souza, que recebeu o prêmio Pérola Negra em 2011.   
  Outro discurso bastante aplaudido foi da atriz catarinense Neuza Borges, que atuou em 28 novelas e mais de 15 filmes longas e curtas metragens. O seu último trabalho na Rede Globo foi a novela Salve Jorge, de Glória Perez. “Depois de 60 anos de carreira e 73 anos de idade, constato com tristeza que o preconceito contra o negro ainda persiste em muitos espaços, como na própria televisão”.     
  Foram homenageadas ontem com o Troféu Pérola Negra: a bispa Valdirene Francisca (da Ame Brasil), a economista Josélia Camaçari, a cantora Márcia Short, a educadora Suely Nelson Argolo (de Juazeiro), Vilma Silva de Jesus (de Irará), Nilzete Bacelar (Ichu), Edneia Souza Santos (Cruz das Almas), Terezinha de Jesus Santos (Santa Cruz Cabrália), Ana Cristina Santos (Rede Afro-LGBT), Mãe Carmem, Ana Lídia (liderança do Subúrbio) e Maria Ana dos Reis (Quilombo da Caem).
“Essa homenagem é um reconhecimento do Poder Legislativo e mostra o quanto somos importantes nessa nossa sociedade, o quanto temos a contribuir e transformar em nossa sociedade”, afirmou Bira Corôa, no final do evento. “Que cada história sirva de referência para os mais jovens ajudarem a criar uma sociedade mais justa e solidária. Uma sociedade na qual as oportunidades não sejam direcionadas pela epiderme, opção sexual ou escolha religiosa”, acrescentou o parlamentar. 

                                                                      BENEDITA

 Benedita da Silva nasceu em 1942 na cidade do Rio de Janeiro é formada como auxiliar de enfermagem e formação em Serviço Social. É casada com o ator Antônio Pitanga, que é pai de Camila e Rocco Pitanga. Foi vereadora (1982), deputada federal em 1986, reeleita para o segundo mandato em 1990. Em 1994, tornou-se a primeira mulher negra a ocupar uma vaga no Senado.                            Foi eleita vice-governadora do Rio de Janeiro em 1998 e, com a renúncia de Anthony Garotinho para concorrer à Presidência da República, assumiu o governo em abril de 2002, tornando-se a primeira mulher negra a governar um Estado brasileiro. Assumiu a Secretaria Especial da Assistência e Promoção Social, com status ministerial, no governo Lula e, em janeiro de 2007, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, no governo Sérgio Cabral Filho. Em 2010, elegeu-se, mais uma vez, deputada federal. 

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