Câmara concede medalha a Edil Pacheco, “Zumbi do Samba”
Africanidade
de suas músicas foi ressaltada em homenagem requerida por Odiosvaldo Vigas
A
proximidade do compositor e cantor Edil Pacheco com a temática afro-brasileira,
sempre presente nas suas músicas, foi lembrada e exaltada na sessão solene de
entrega da Medalha Zumbi dos Palmares ao sambista, na noite de terça-feira
(21), no plenário da Câmara Municipal de Salvador. As suas composições possuem
traços tão marcantes de africanidade que já teve quem se equivocasse sobre a
cor da sua pele.
O fato,
ocorrido no Rio de Janeiro em 1982, foi contado pelo próprio Edil Pacheco,
durante o seu discurso na Câmara. Ao chegar na Funarte, numa tarde de
sexta-feira, foi atendido pelo porteiro do local, a quem se apresentou
informando ter uma reunião marcada com o presidente da instituição. O porteiro,
entretanto, não acreditou: “Você não é Edil Pacheco, porque ele é negro”. Para
o compositor, o caso é reflexo de sua arte.
“Edil
Pacheco é um compositor que sabe descrever nossa africanidade sem caricaturas”,
afirmou a cantora e compositora Juliana Ribeiro. Para ela, existe hoje uma
“tendência de folclorizar a nossa baianidade” – o oposto da africanidade sem
excessos que caracteriza o trabalho do sambista.
Autor do
projeto de resolução para a concessão da Medalha Zumbi dos Palmares, o vereador
Odiosvaldo Vigas (PDT) justificou a homenagem a Edil Pacheco: “A outorga dessa
medalha é um reconhecimento da sua obra”. Vigas também falou da importância do
samba na construção da cultura brasileira e da resistência negra, representada
por Zumbi dos Palmares, diante da escravidão na época do Brasil colonial. Em um elogio ao compositor,
o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, chamou-o de “Zumbi do Samba”.
Trajetória
Nascido em
Maragogipe (BA), o “Alemão”- como era apelidado em sua terra natal – veio para
a capital baiana aos 18 anos. Aqui, começou a participar de rodas de samba e
conheceu Ederaldo Gentil, Riachão e outros artistas da cidade. A primeira oportunidadepara
tocar em um show foi dada pelo sambista Batatinha, que o chamou para
acompanhá-lo em uma apresentação no Pelourinho.
A partir
de então, Edil passou a ser procurado por intérpretes interessados em sua obra,
a exemplo de Beth Carvalho, Luiz Melodia e Margareth Menezes. “Ao longo de sua
vida, Edil sempre gostou de compor em parcerias, que foram se expandindo para
amizades”, relatou Juliana Ribeiro, citando os muitos artistas que trabalharam
com o compositor, como Nelson Rufino, Capinan e Moraes Moreira.
Além de
Odiosvaldo Vigas, Juliana Ribeiro e Edvaldo Brito, prestigiaram a solenidade,
compondo a mesa, o ex-prefeito de Salvador e ex-presidente do Tribunal de
Contas do Estado da Bahia (TCE), Manoel Castro; o conselheiro do TCE, França Teixeira;
o prefeito de Maragogipe, Sílvio Ataliba; o professor Jaime Sodré; o animador
cultural e liderança do Centro Histórico, Clarindo Silva; o presidente da
Fundação Convention Bureau, Pedro Costa; e a ebomi Nice, da Casa Branca.
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