domingo, 26 de agosto de 2012


                                   Câmara concede medalha a Edil Pacheco, “Zumbi do Samba”

                Africanidade de suas músicas foi ressaltada em homenagem requerida por Odiosvaldo Vigas

A proximidade do compositor e cantor Edil Pacheco com a temática afro-brasileira, sempre presente nas suas músicas, foi lembrada e exaltada na sessão solene de entrega da Medalha Zumbi dos Palmares ao sambista, na noite de terça-feira (21), no plenário da Câmara Municipal de Salvador. As suas composições possuem traços tão marcantes de africanidade que já teve quem se equivocasse sobre a cor da sua pele.
O fato, ocorrido no Rio de Janeiro em 1982, foi contado pelo próprio Edil Pacheco, durante o seu discurso na Câmara. Ao chegar na Funarte, numa tarde de sexta-feira, foi atendido pelo porteiro do local, a quem se apresentou informando ter uma reunião marcada com o presidente da instituição. O porteiro, entretanto, não acreditou: “Você não é Edil Pacheco, porque ele é negro”. Para o compositor, o caso é reflexo de sua arte.
“Edil Pacheco é um compositor que sabe descrever nossa africanidade sem caricaturas”, afirmou a cantora e compositora Juliana Ribeiro. Para ela, existe hoje uma “tendência de folclorizar a nossa baianidade” – o oposto da africanidade sem excessos que caracteriza o trabalho do sambista.
Autor do projeto de resolução para a concessão da Medalha Zumbi dos Palmares, o vereador Odiosvaldo Vigas (PDT) justificou a homenagem a Edil Pacheco: “A outorga dessa medalha é um reconhecimento da sua obra”. Vigas também falou da importância do samba na construção da cultura brasileira e da resistência negra, representada por Zumbi dos Palmares, diante da escravidão na época do Brasil colonial. Em um elogio ao compositor, o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, chamou-o de “Zumbi do Samba”.

Trajetória

Nascido em Maragogipe (BA), o “Alemão”- como era apelidado em sua terra natal – veio para a capital baiana aos 18 anos. Aqui, começou a participar de rodas de samba e conheceu Ederaldo Gentil, Riachão e outros artistas da cidade. A primeira oportunidadepara tocar em um show foi dada pelo sambista Batatinha, que o chamou para acompanhá-lo em uma apresentação no Pelourinho.
A partir de então, Edil passou a ser procurado por intérpretes interessados em sua obra, a exemplo de Beth Carvalho, Luiz Melodia e Margareth Menezes. “Ao longo de sua vida, Edil sempre gostou de compor em parcerias, que foram se expandindo para amizades”, relatou Juliana Ribeiro, citando os muitos artistas que trabalharam com o compositor, como Nelson Rufino, Capinan e Moraes Moreira.
Além de Odiosvaldo Vigas, Juliana Ribeiro e Edvaldo Brito, prestigiaram a solenidade, compondo a mesa, o ex-prefeito de Salvador e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE), Manoel Castro; o conselheiro do TCE, França Teixeira; o prefeito de Maragogipe, Sílvio Ataliba; o professor Jaime Sodré; o animador cultural e liderança do Centro Histórico, Clarindo Silva; o presidente da Fundação Convention Bureau, Pedro Costa; e a ebomi Nice, da Casa Branca.

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