quarta-feira, 13 de junho de 2012

DEU NA REVISTA VEJA (6 de junho de 2012)


A BACTÉRIA DEVASTADORA

A tragédia da jovem americana cujo organismo está sendo consumido por um microorganismo extremamente tóxico

A estudante americana Aimeé Copeland, de 24 anos, aproveitou a terça-feira de folga, 1º de maio, para relaxar na pequena cidade de Tallapoosa, no estado da Geórgia. Com apenas 3.000 habitantes, Tallapoosa é conhecida pelas atividades aquáticas no rio que a corta e leva seu nome. Aimeé escolheu a tirolesa. Logo no inicio da travessia, porem, a corda na qual ela se agarrava rompeu-se e a moça caiu na água. O acidente deixou um corte em sua panturrilha esquerda. Levada ao hospital, recebeu 22 pontos cirúrgicos e a indicação de ir para casa e tomar analgésico. Três dias depois, Aimeé foi internada com febre e dores na perna machucada. Os exames revelaram que ela havia contraído uma doença infecciosa grave e rara, chamada fasciite necrosante, causada por um tipo de bactéria que vive na água, a Aeromonas hydrophila. O microorganismo invadira seu corpo por meio do ferimento. No mesmo dia da internação, Aimeé teve a perna esquerda amputada. Até a semana passada, ela já havia perdido o pé direito, as duas mãos e parte do abdômen.

A Aeromonas hydrophila é uma bactéria extremamente tóxica. Cinco em cada dez pacientes acometidos por ela morrem em 48 horas. Chamadas de comedoras de carne, tais bactérias se alimentam da gordura subcutânea. Enquanto se multiplica, o microrganismo libera a toxina A, um composto capaz de provocar a morte instantânea das células atingidas. A velocidade de destruição causa um segundo dano. “As células mortas eliminam outras substancias tóxicas que caem na corrente sanguínea, agravando a infecção”, diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo. Há outra agravante,. A bactéria acaba sendo protegida pelos tecidos mortos ao seu redor, e os medicamentos não podem atingi-la, ante a inexistência de circulação de sangue próximo dela. O tratamento é cirúrgico – 70% dos pacientes sofrem amputação. Alem da Aeromonas hydrophila, há outras bactérias produtoras da toxina A, de efeito semelhante. Entre elas, Staphylococcus aureus (presente na pele), Streptococcus do grupo A (presente na garganta) e Clostridium perfringens (presente no solo). Na maioria das vezes, o sistema imunológico combate naturalmente essas bactérias.

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