Quem tem pedra no rim deve tratar também
de seus erros metabólicos
Foi-se o tempo em que só se podia tratar as dolorosas pedras nos rins
fazendo a cirurgia tradicional. Hoje há cirurgias minimamente invasivas e é
possível até “quebrar” as pedras com ondas de choque para que saiam mais fácil.
Mas é grande o risco de a doença reaparecer. Livra-se mesmo dela apenas quem
trata também os problemas metabólicos que favorecem a formação dos cálculos
renais.
A doença “pedra nos rins”, ou
nefrolitíase, ou cálculos renais, é bem comum. Estima-se que ocorra em 5 % a 12
% da população. É duas vezes mais freqüente nos homens e incide mais dos 20 aos
45 anos. Em geral as pessoas descobrem que têm cálculos renais ao fazer
check-up ou pela manifestação do sintoma mais comum, a cólica renal, dor
intensa na região lombar ou no abdome. Outros sintomas são infecções urinárias
de repetição e presença de sangue na urina.
Em 60% dos casos, os cálculos
renais são uma doença hereditária. Favorecem sua formação fatores externos e
internos. Entre os externos estão: calor ambiental constante e/ou excessivo,
que faz as pessoas suarem muito e perderem fluidos, deixando sua urina
concentrada e favorecendo a formação de cálculos; alimentação rica em cálcio e
outros minerais; baixa ingestão de líquidos; e consumo de água “pesada”, isto
é, com excesso de minerais. Já os fatores internos são erros inatos do
metabolismo, dos quais os principais são: 1) absorção excessiva de cálcio dos
alimentos pelos intestinos; 2) células renais que não seguram o cálcio no
sangue, sendo expelido em grande quantidade na urina; 3) baixo nível de citrato
na urina, substância que inibe a formação de cálculos; 4) níveis elevados de
ácido úrico no sangue ou na urina; e 5) tumores benignos nas glândulas
para-tireoide, que levam à produção excessiva do paratormônio (PTH). Ele
atrapalha a fixação do cálcio nos ossos, o mineral excessivo no sangue é
filtrado pelos dois rins e lançado na urina, que se torna saturada.
O ideal é prevenir-se, claro. A
nefrolitíase raramente leva a perda do rim, mas nas crises às vezes a dor é
insuportável. Você pode evitar a formação e/ou o crescimento das pedras com
algumas medidas. Tome 2 litros de líquidos diariamente, até mais nos dias
quentes. Se já teve a doença, você apresenta 50% de risco de tê-la de novo.
Então, consulte um nefrologista, faça o diagnóstico de erros do metabolismo com
exames de sangue e de urina e se trate.
Pessoas com sintomas de cálculos
renais devem consultar um urologista. O diagnóstico é clinico. Confirma-se a
doença com exames como raios X, ou ultrassonografia do abdome, ou tomografia
computadorizada.
O tipo de tratamento vai depender
do tamanho do cálculo, de sua densidade, da localização e do estado clínico do
paciente. No caso de cálculos pequenos, o médico pode indicar remédios que
relaxam o ureter e permitem que o paciente os expulse.
Nas situações em que o cálculo
tenha tamanho médio, ou sua localização não favoreça a expulsão natural e haja
indicação de cirurgia, pode-se usar as vias naturais de acesso do paciente para
introduzir um equipamento para “quebrá-lo” com laser e retirar os fragmentos,
ou fazer litotripsia extracorpórea por ondas de choque. Consiste em fragmentar
as pedras com ondas eletromagnéticas.
No caso de cálculos grandes,
enfim, pode-se recorrer à cirurgia percutânea. Faz-se furo de 1 cm na altura do
rim, pelo qual se introduz um aparelho endoscópico específico para “quebrar” a
pedra e tirar os fragmentos. É uma cirurgia minimamente invasiva, pois, com
pequenas incisões, se retiram cálculos de até 5 cm.
Como você vê, houve avanços
tecnológicos no tratamento, mas é importante descobrir as causas da formação da
nefrolitíase e tratar. Só assim você diminui o risco de recidivas
Fonte:
Revista Caras – Ricardo Felts de La Roca (CRM
28886) é médico urologista na capital paulista e membro titular da
Sociedade Brasileira de \Urologia.
E-mail:
Ricardo@delarocaurologia.com.br
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